Trump Ordena Demissão de Governadora do Federal Reserve em Batalha Sem Precedentes contra o Banco Central
Presidente dos EUA acusa Lisa Cook de fraude para justificar a demissão, mas ela se recusa a sair, levantando questões sobre a independência do Fed e as consequências para a economia.
NACIONAL


Em um movimento sem precedentes que abalou a estabilidade do mercado financeiro, o presidente dos EUA, Donald Trump, ordenou a destituição de Lisa Cook, governadora do Federal Reserve (o banco central americano). A decisão, comunicada via redes sociais na última segunda-feira (25), é a maior escalada na batalha de Trump contra o Fed, que ele tem pressionado para reduzir as taxas de juros. Lisa Cook, por sua vez, reagiu de forma firme, afirmando que Trump não tem autoridade para demiti-la e que não irá renunciar. O impasse levanta questões sérias sobre a independência do banco central e os limites do poder presidencial.
Para justificar sua decisão, Trump citou "razões suficientes", acusando Lisa Cook de ter feito declarações falsas sobre contratos de hipoteca. Em sua postagem, o presidente alegou que Cook assinou documentos para duas propriedades diferentes, em Michigan e na Geórgia, atestando ambas como sua residência principal no mesmo período de um ano. A acusação é a base legal para a tentativa de destituição.
A resposta de Cook foi imediata e categórica. Em nota, a governadora afirmou que Trump "não tem autoridade para fazê-lo" e que a demissão por "justa causa" não está prevista na lei para esse caso. "Não vou renunciar. Continuarei a cumprir minhas obrigações para ajudar a economia americana", declarou ela. A advogada de Cook, Abbe David Lowell, também se manifestou, dizendo que tomará "todas as medidas necessárias para impedir a ação ilegal".


O conflito de Trump com Lisa Cook e com o presidente do Fed, Jerome Powell, não é apenas um embate pessoal, mas um ataque direto à independência do banco central. O Federal Reserve, assim como outros bancos centrais ao redor do mundo, é projetado para operar livre de pressões políticas, com o objetivo de tomar decisões monetárias no interesse de longo prazo da economia.
Cook, nomeada pelo antecessor de Trump, Joe Biden, em 2022, tem votado junto com a maioria do comitê para manter as taxas de juros nos EUA. A demissão de Cook permitiria a Trump substituí-la por alguém mais alinhado com sua agenda de cortes nas taxas, o que, para muitos economistas, seria uma violação da independência do Fed.
A decisão de Trump causou reações imediatas nos mercados financeiros. As bolsas europeias abriram em leve queda, e o custo dos títulos do governo dos EUA aumentou. O dólar, por sua vez, teve uma queda inicial, mas se recuperou.
A analista Julia Lee, da FTSE Russell, resumiu a preocupação dos investidores: "A questão-chave para os mercados é se Trump consegue substituir Cook, se ele poderia reformular a composição do Fed e como isso impactaria a percepção do mercado sobre a investibilidade dos EUA?". A batalha de Trump contra o Fed é um sinal de instabilidade que pode ter consequências diretas na economia global.
Fonte: BBC NEWS


