Trump Contradiz Netanyahu: Presidente dos EUA Afirma que "Há Fome de Verdade" em Gaza e Promete Ação
Declaração de Trump marca rompimento de discurso com aliado Israel e ocorre em meio a críticas globais e denúncias de "fome em massa" em território palestino.
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Em um movimento que pode indicar uma mudança significativa na postura dos Estados Unidos, o presidente Donald Trump contradisse abertamente o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, ao afirmar que "há fome de verdade" na Faixa de Gaza. A declaração, feita nesta segunda-feira (28), representa uma quebra no discurso totalmente alinhado que os EUA, maior aliado de Israel, mantinham desde o início da guerra contra o Hamas em outubro de 2023.
Ao lado do premiê britânico, Keir Starmer, Trump afirmou: "Precisamos cuidar das necessidades humanitárias do que um dia se chamou de Faixa de Gaza (...) Podemos salvar muita gente. Algumas dessas crianças... é uma fome real, eu vejo isso, não dá para fabricar. Vamos nos envolver ainda mais."
Quando questionado se concordava com a afirmação de Netanyahu de que "não haveria fome ou política [israelense] de fome em Gaza", Trump negou categoricamente. "Não sei. Quer dizer, com base no que vejo na televisão, eu diria que não exatamente, porque aquelas crianças parecem muito famintas. Mas estamos enviando muito dinheiro e muita comida, e outras nações também estão começando a ajudar. (...) Quero que Israel se certifique de que as pessoas recebam comida", disse ele.


Crise Humanitária e Planos de Ajuda:
A fala de Trump se alinha às crescentes críticas da comunidade internacional – incluindo a ONU, que descreve a situação atual dos palestinos como um "show de horrores" e denuncia "fome em massa". Em resposta a essa pressão, Israel aliviou algumas restrições no domingo (27) e permitiu a entrada de dezenas de caminhões com alimentos no território palestino nesta segunda-feira (28), através da passagem de Rafah, vindos do Egito.
Trump foi além e disse que criará "centros de alimentação" em Gaza com a ajuda de países aliados, embora não tenha especificado quais nações ou os detalhes de implementação. "Hoje em dia elas veem a comida a uma distância, e há cercas e nem conseguem chegar a ela. Está uma loucura por lá", afirmou o presidente americano.
O premiê britânico, Keir Starmer, corroborou a gravidade da situação, afirmando que as imagens de crianças palestinas passando fome são "revoltantes" e pedindo que outros países incentivem um cessar-fogo. Reino Unido, que já havia criticado a "distribuição de comida a conta-gotas", anunciou no sábado um plano para evacuar crianças feridas e doentes de Gaza.
Um comunicado conjunto de Trump e Starmer pediu um imediato cessar-fogo no território palestino e a entrada de ajuda humanitária "em grande escala e com rapidez".


Contexto da Guerra e Acusações:
A guerra, que começou em 7 de outubro de 2023 com um ataque terrorista do Hamas a Israel, já resultou na morte de quase 60 mil palestinos, a maioria mulheres e crianças, segundo dados de autoridades de saúde locais chancelados pela ONU. Grande parte de Gaza foi reduzida a escombros e quase toda a população foi deslocada.
Israel tem recebido acusações de bloquear a entrada de ajuda para pressionar o Hamas a libertar reféns e é criticado pela "ajuda a conta-gotas". O governo Netanyahu rebate as críticas, culpando a ONU pela ineficiência na distribuição e alegando restringir a ajuda para evitar que caia nas mãos do Hamas, mas o Exército israelense proibiu a operação da ONU e de ONGs em Gaza. Netanyahu reiterou no domingo que continuará a guerra até a "vitória total" sobre o grupo terrorista.