Sem Sanções, Sem Paz: Por Que a Decisão de Trump Fortalece Vladimir Putin na Guerra da Ucrânia
Após o adiamento de sanções secundárias a quem compra petróleo russo, um proeminente analista avalia que Putin não tem incentivo para negociar um cessar-fogo.
NOTICIAS


A recente reunião entre o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o líder russo, Vladimir Putin, foi mais do que um encontro diplomático; foi um evento que, na visão de especialistas, redefiniu o cenário da guerra na Ucrânia. A avaliação de um proeminente analista e crítico de Putin é clara: a decisão de Trump de adiar a imposição de sanções secundárias à Rússia remove a principal motivação para o presidente russo buscar um acordo de paz. Em vez disso, a medida permite que Putin continue a perseguir seus objetivos máximos no conflito.
Segundo Bill Browder, ex-investidor e um dos mais conhecidos críticos de Putin, a reunião no Alasca foi uma "grande vitória" para o líder russo. Ele conseguiu romper o isolamento internacional imposto por EUA e seus aliados, mas o mais importante, segundo Browder, é que Vladimir Putin saiu da mesa de negociações com a certeza de que não enfrentará sanções econômicas mais severas.
Sanções secundárias são medidas que buscam punir não apenas a Rússia, mas também países ou empresas que continuam a fazer negócios com o regime de Putin, especialmente a compra de petróleo e gás, fontes essenciais de receita. Sem a ameaça de um “cerco” econômico mais rigoroso, o líder russo tem pouca razão para ceder. Ele pode continuar sua guerra sem sofrer consequências econômicas significativas, já que o fluxo de dinheiro com a venda de petróleo não será cortado.


Browder argumenta que o Ocidente, liderado pelos Estados Unidos e pela União Europeia, tem o poder de tornar a vida de Putin "realmente desconfortável" e, assim, forçá-lo a negociar. As ferramentas para isso existem, mas, de acordo com o analista, não parecem fazer parte do plano do governo Trump. Entre as opções que poderiam pressionar Putin a encerrar a guerra, estão:
Mais ajuda militar à Ucrânia: Fortalecer as defesas ucranianas no campo de batalha criaria uma situação insustentável para as forças russas.
Imposição de sanções secundárias: Atingir a fonte de renda da Rússia, dificultando a compra de petróleo e gás por países terceiros.
Confisco de ativos congelados: Apropriar-se do dinheiro e dos bens russos que estão congelados em bancos ocidentais, cortando o acesso de Putin a recursos financeiros.
A falta de um plano para implementar essas medidas, na avaliação de Browder, é um sinal de que Putin pode simplesmente continuar com a sua ofensiva, sem a pressão necessária para buscar uma solução diplomática.
A decisão de Trump de adiar as sanções tem um impacto que vai muito além da economia russa. Ela envia um sinal de que a pressão coordenada e unificada contra a Rússia pode não acontecer. Isso desmotiva a busca por um cessar-fogo e uma paz duradoura, já que o presidente russo não enfrenta um desgaste econômico que o force a recuar.
Para a Ucrânia, a situação se torna ainda mais desafiadora. O presidente Volodymyr Zelensky precisa de apoio militar e econômico para continuar a guerra, mas a relação com Trump é complexa e instável. A falta de pressão sobre a Rússia coloca o país em uma posição de desvantagem militar e diplomática. O analista Browder conclui que, sem incentivos reais para buscar um acordo, a Rússia não tem motivos para fazer nada diferente de continuar perseguindo seus "objetivos máximos".
O cenário é de um impasse perigoso, onde a diplomacia parece estar em segundo plano, e a economia e o poder militar ditam os rumos do conflito.