Rússia nega envolvimento em drones na Europa e UE prepara “muro antidrones”
Clima de tensão aumenta após relatos de sobrevoos em bases militares e aeroportos na Dinamarca. Enquanto Moscou rejeita acusações, União Europeia corre para reforçar a defesa aérea.
INTERNACIONAL


Durante a 80ª Assembleia Geral da ONU, em Nova York, o chanceler russo Sergei Lavrov negou que a Rússia tenha participação nos recentes episódios de drones que sobrevoaram bases militares e aeroportos de países europeus da Otan. Os governos da região tratam o caso como parte de um possível “ataque híbrido” de Moscou. A fala veio acompanhada de uma ameaça: segundo Lavrov, qualquer agressão da Otan contra a Rússia terá resposta “decisiva”.
Contexto essencial
A crise começou com relatos de drones não identificados na Polônia, Romênia e Dinamarca. O caso ganhou força após o fechamento temporário de aeroportos dinamarqueses e o sobrevoo de drones sobre a base aérea de Karup, a maior do país. A suspeita se intensificou depois de Copenhague anunciar a compra de armas de longo alcance, citando a Rússia como ameaça futura.
A ausência de Vladimir Putin na ONU — alvo de mandado de prisão internacional — fez com que Lavrov assumisse o palco em seu lugar. O chanceler acusou o Ocidente de “provocações” e rejeitou qualquer envolvimento nos incidentes.
Os sobrevoos afetam diretamente a rotina de países europeus membros da Otan. Além de suspender voos comerciais e operações militares, a situação expõe vulnerabilidades da defesa aérea do bloco. Para os cidadãos, significa conviver com alertas de segurança, aeroportos fechados temporariamente e aumento da tensão em regiões de fronteira.
Números e dados
- Mais de três episódios de fechamento de aeroportos dinamarqueses ocorreram em setembro. 
- A Comissão Europeia reservou 6 bilhões de euros para uma aliança de drones com a Ucrânia. 
- Segundo dados da guerra, drones foram responsáveis por cerca de 2/3 das perdas de material militar russo relatadas por Kiev. 
Reações e bastidores
Autoridades da União Europeia pressionam pela criação de um “muro antidrones”. O ministro da Defesa da Alemanha declarou que a ameaça é “alta” e que o Exército está pronto para agir. Já a primeira-ministra da Dinamarca chamou os incidentes de “ataques híbridos”, apontando diretamente para Moscou.
Em resposta, a embaixada russa em Copenhague classificou os episódios como uma “provocação encenada”. O discurso de Lavrov ecoou a posição oficial de negar qualquer participação, mas reforçou o tom de ameaça caso a Otan tente responder militarmente.


A proposta de um “muro antidrones” lembra iniciativas passadas de defesa coletiva, como a “Cortina de Ferro” durante a Guerra Fria. Hoje, a diferença está na tecnologia: radares móveis, sistemas de detecção autônoma e equipamentos de neutralização eletrônica. Países como Estônia, Lituânia e Finlândia já vinham pedindo recursos para projetos semelhantes, mas só agora a UE parece disposta a avançar.
O que observar
A cúpula de líderes da União Europeia, em Copenhague, será o momento decisivo para definir a arquitetura do escudo aéreo. Entre os pontos em aberto estão o financiamento do projeto e a integração com as forças da Ucrânia, que já acumulam experiência no uso de drones em campo.
Analistas destacam que, se o projeto for aprovado, pode marcar o início de uma nova corrida tecnológica de defesa no continente — algo que terá impacto direto no orçamento e nas relações diplomáticas com a Rússia.
A crise dos drones deixa claro como a guerra entre Rússia e Ucrânia transbordou fronteiras, trazendo riscos diretos ao cotidiano europeu. De um lado, Moscou nega envolvimento; do outro, países da Otan se preparam para um cenário de defesa permanente. A pergunta é: estamos diante de incidentes isolados ou do ensaio de uma nova fase da guerra híbrida?


