Relatório da PF Revela Plano para Eduardo Bolsonaro ser Secretário em SP e se Manter nos EUA
Mensagens no celular de Jair Bolsonaro apontam que o ex-presidente cogitou nomear o filho para o governo de Tarcísio de Freitas, como alternativa para ele não perder o cargo de deputado federal.
NACIONAL


Uma nova revelação da Polícia Federal (PF) trouxe à tona um plano detalhado para que o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) pudesse se manter nos Estados Unidos sem perder seu cargo no Brasil. Mensagens encontradas no celular do ex-presidente Jair Bolsonaro indicam que a solução cogitada passava por uma nomeação para uma secretaria no governo de São Paulo, comandado por Tarcísio de Freitas. O plano, que faz parte do inquérito que indiciou pai e filho, mostra as estratégias da família para lidar com as tensões políticas e judiciais.
O relatório da PF, ao qual o g1 teve acesso, detalha o plano em uma mensagem datada do início de junho. O texto, enviado a Jair Bolsonaro e repassado por ele para o filho, sugere que a licença de Eduardo na Câmara dos Deputados não poderia ser prorrogada, mas que uma nova licença seria possível "desde que seja para missão temporária de interesse público". A solução encontrada seria uma atuação diplomática vinculada a um governo estadual.
O plano envolvia uma série de passos formais e políticos para se concretizar, incluindo:
- Nomeação oficial: O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, faria a nomeação por meio de um decreto oficial. 
- Justificativa pública: Uma declaração do governador destacaria o caráter estratégico e institucional da missão diplomática. 
- Pedido de licença: A Mesa Diretora da Câmara dos Deputados receberia um novo pedido de licença, com base no regimento interno da Casa. 


A mensagem encontrada pela PF demonstra que o plano tinha uma preocupação clara em seguir os trâmites legais para evitar futuros problemas. O texto afirmava que a permanência de Eduardo Bolsonaro nos EUA seria possível "sem necessidade de retornar" ao Brasil, desde que a nomeação tivesse uma justificativa formal.
O plano não se limitava a São Paulo. A mensagem sugeria que, se necessário, "outro Estado parceiro também pode viabilizar essa estrutura", embora isso demandasse "um pouco mais de trabalho jurídico e político". O documento também continha um alerta: para evitar "novos processos", a atuação de Eduardo precisaria ser "mais discreta" para não conflitar com as funções de representação. O relatório da PF não aponta se o deputado federal respondeu ou não à sugestão de seu pai.
A descoberta deste plano se soma às outras acusações que pesam sobre Jair Bolsonaro e seu filho. Recentemente, a própria PF os indiciou pelos crimes de coação a autoridades e por tentarem abolir o Estado Democrático de Direito. A investigação apura as estratégias da família para atrapalhar os inquéritos judiciais, incluindo a atuação junto ao governo de Donald Trump.
A revelação das mensagens oferece uma nova visão sobre a dinâmica entre pai e filho e as tentativas de manobras políticas para contornar as investigações. O plano de nomeação, embora possa não ter se concretizado, evidencia o esforço em manter o poder político em meio a uma série de acusações judiciais.


