Relatório da PF Revela Padrão de Saques em Dinheiro Vivo por Bolsonaro em 2025

Documento aponta que o ex-presidente realizou 40 retiradas que somaram R$ 130,8 mil no ano, em um contexto de movimentação total de R$ 44 milhões sob suspeita de "lavagem de dinheiro".

NACIONAL

Rafael Monteiro

8/24/20252 min read

Bolsonaro e um publico
Bolsonaro e um publico

Uma nova investigação da Polícia Federal (PF) trouxe à tona mais detalhes sobre as movimentações financeiras do ex-presidente Jair Bolsonaro. Um relatório da corporação, com base em dados do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), revelou que, entre janeiro e julho deste ano, Bolsonaro realizou 40 saques em dinheiro vivo, totalizando R$ 130,8 mil. A descoberta é mais uma peça no complexo quebra-cabeça que a PF está montando em relação às finanças do ex-presidente e de sua família, com as movimentações sendo classificadas como "suspeitas de configurarem indícios de lavagem de dinheiro".

O relatório da PF destaca que os saques em dinheiro vivo por Bolsonaro seguiram um padrão. No período de 14 de janeiro a 11 de julho, foram 40 operações de retirada, o que equivale a uma média de R$ 3.250 por saque. Quando analisado em um contexto diário, o montante representa R$ 730,34 sacados a cada 24 horas. Embora a operação de saque em si não seja ilegal, a frequência das retiradas e o valor total se tornaram um ponto de interesse para os investigadores, que buscam entender a finalidade do dinheiro.

Este novo dado se soma às revelações anteriores do Coaf, que apontaram que Bolsonaro movimentou um total de R$ 44,3 milhões em suas contas bancárias entre março de 2023 e junho de 2025.

Jair Bolsonaro em close
Jair Bolsonaro em close

A PF ressaltou que todas as movimentações financeiras do ex-presidente, incluindo a entrada de R$ 30,6 milhões e a saída de R$ 30,6 milhões em um período de um ano, foram identificadas pelo Coaf como "suspeitas de configurarem indícios de lavagem de dinheiro e outros ilícitos penais". O relatório anterior já havia indicado que mais de 60% dos créditos vieram via Pix, e a maior parte dos débitos foi destinada a investimentos e pagamentos a advogados.

A investigação aponta que a maior parte dos recursos foi direcionada para a quitação de despesas e para novas aplicações financeiras, em uma tentativa de dar aparência de legalidade a um dinheiro de origem questionável.

O relatório da PF também traz à tona informações sobre transferências de valores de Jair Bolsonaro para seus familiares. Entre dezembro de 2024 e junho de 2025, por exemplo, o ex-presidente enviou R$ 2,1 milhões para o filho Eduardo Bolsonaro. A PF destaca que, em depoimento, Bolsonaro confirmou o envio de R$ 2 milhões, mas "omitiu informação" sobre outros repasses ao filho.

A investigação também aponta que, um dia antes de prestar depoimento, Jair Bolsonaro transferiu R$ 2 milhões para a conta de sua esposa, Michelle Bolsonaro. A PF não encontrou explicações para essa movimentação financeira no relatório, levantando a suspeita de que a transferência teria sido uma tentativa de ocultar o dinheiro.