Relatório da PF Aponta Repasse de R$ 700 Mil de Empresário com Processos Trabalhistas a Carlos Bolsonaro
Documento da Polícia Federal revela que o vereador do Rio de Janeiro movimentou quase R$ 5 milhões em um ano e recebeu a alta quantia de um empresário com histórico de ações trabalhistas.
NACIONAL


Uma nova revelação da Polícia Federal (PF) lançou luz sobre as movimentações financeiras do vereador do Rio de Janeiro, Carlos Bolsonaro. De acordo com um relatório da corporação, entre setembro de 2023 e agosto de 2024, o filho do ex-presidente Jair Bolsonaro movimentou mais de R$ 4,8 milhões. O documento aponta uma transação em particular que levanta sérias suspeitas: um repasse de R$ 700 mil feito por um empresário com um histórico de problemas trabalhistas na Justiça.
A investigação da PF, com base em dados do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), mostra que a movimentação financeira de Carlos Bolsonaro é significativa. A quantia de R$ 4,8 milhões movimentada em um período de um ano é um valor alto para um vereador, chamando a atenção dos investigadores. Essa é a segunda grande revelação sobre as finanças da família nas últimas semanas, já que um relatório anterior da PF havia apontado que o ex-presidente Jair Bolsonaro movimentou mais de R$ 30 milhões no ano.


O ponto central do novo relatório é a transação de R$ 700 mil de Mário Pimenta de Oliveira Filho para a conta de Carlos Bolsonaro. O empresário, que tem negócios no ramo automotivo no Rio de Janeiro, é alvo de diversos processos trabalhistas na Justiça. A reportagem teve acesso a documentos que mostram que, apesar do alto valor repassado ao político, o empresário fez acordos de conciliação com ex-funcionários por valores muito menores.
Em um dos casos, um trabalhador exigia o pagamento de R$ 22,6 mil, mas o empresário fechou um acordo para pagar apenas R$ 10 mil em parcelas. Em outra ação, ele pagou R$ 1.800 para um ex-funcionário. O histórico de problemas com a Justiça e a incongruência entre os valores de conciliação e o alto repasse ao político levantam sérias questões sobre a natureza da transação. As empresas de Mário Pimenta estão registradas como "baixas" (inativas) no sistema da Receita Federal.
Em resposta à notícia, Carlos Bolsonaro usou suas redes sociais para questionar o vazamento de "dados sigilosos o tempo todo". O vereador, que não comentou diretamente a transação, expressou sua indignação com a divulgação das informações sobre a movimentação financeira de sua família. "Eu estou movimentando mais dinheiro do que eu jamais poderia imaginar, segundo os tablóides do regime", escreveu.
A investigação das finanças de Carlos Bolsonaro faz parte de um inquérito mais amplo da Polícia Federal, que mira a família do ex-presidente e seus aliados. As movimentações financeiras milionárias e a origem de alguns recursos se tornaram um ponto de atenção para os investigadores, que buscam por indícios de crimes como lavagem de dinheiro e outros ilícitos. A nova revelação mostra que a PF está ampliando o escrutínio para além do ex-presidente, agora incluindo seus filhos.


