Relator da CPI do INSS Propõe Ouvir Ex-Ministros e Focar Investigação em Fraudes a Partir de 2015

O deputado Alfredo Gaspar apresentou plano de trabalho que vai concentrar os depoimentos em governos de Dilma a Lula, prometendo imparcialidade na apuração de um esquema de R$ 6,3 bilhões.

POLÍTICA BRASIL

Daniel Lima

8/26/20252 min read

Deputados e senadores em um plenário, alguns de pé e outros sentados.
Deputados e senadores em um plenário, alguns de pé e outros sentados.

O relator da CPI mista do INSS, deputado Alfredo Gaspar (União-AL), apresentou um plano de trabalho detalhado que traça o rumo da investigação sobre as fraudes na Previdência Social. O documento propõe iniciar os trabalhos com os depoimentos de ex-ministros da Previdência e de ex-presidentes do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), concentrando as convocações nos governos de Dilma Rousseff, Michel Temer, Jair Bolsonaro e no atual, de Luiz Inácio Lula da Silva. A medida busca imparcialidade em uma investigação que tenta desvendar um esquema que, segundo a Polícia Federal, desviou até R$ 6,3 bilhões dos cofres públicos.

O plano de trabalho apresentado por Alfredo Gaspar foi aprovado pela CPI e delimita o foco da investigação a partir de 2015. Segundo o deputado, o recorte é necessário para evitar questionamentos jurídicos sobre a prescrição dos crimes e garantir a eficácia dos trabalhos. A CPI vai investigar um esquema que envolvia descontos mensais não autorizados em benefícios de aposentados e pensionistas.

O documento propõe que a investigação seja dividida em seis eixos:

  • Mapeamento do esquema fraudulento e modus operandi;

  • Identificação e responsabilização dos envolvidos;

  • Impacto nas vítimas e no erário;

  • Caminho do dinheiro;

  • Análise de falhas institucionais e dos mecanismos de controle;

  • Medidas preventivas e de aperfeiçoamento legislativo.

O relator afirmou que a CPI fugirá de "teorias, versões ou narrativas" e buscará apenas a "elucidação dos fatos".

Alfredo Gaspar gesticulando em um microfone, com um terno azul.
Alfredo Gaspar gesticulando em um microfone, com um terno azul.

Embora se classifique como "de direita com orgulho", Alfredo Gaspar defendeu a imparcialidade na condução dos trabalhos. Em seu discurso, ele prometeu ser "duro e implacável com todos aqueles que cometeram crimes, independente do governo". Para reforçar a sua independência, o deputado revelou ter rejeitado um convite para visitar o ex-presidente Jair Bolsonaro, que se encontra em prisão domiciliar.

A CPI deve discutir e aprovar as primeiras convocações para depoimentos ainda nesta semana. A lista, proposta pelo próprio relator, contempla quatro ex-ministros da Previdência, incluindo Carlos Lupi, e dez ex-presidentes do INSS. O depoimento destas autoridades é visto como essencial para entender a dimensão das fraudes.

A CPI do INSS tem um forte componente político, especialmente para a oposição, que busca o desgaste do governo atual. No entanto, Alfredo Gaspar afirmou que a prioridade da comissão é proteger os milhões de aposentados e pensionistas que sofreram com os descontos ilegais em seus benefícios. Ele também disse que o relatório final trará propostas para aperfeiçoar a legislação e coibir novas fraudes no INSS. A CPI, portanto, tem a missão de investigar a fundo a atuação de "agentes públicos e privados, organizações criminosas" e a "lavagem de dinheiro", com o objetivo de proteger o povo e as instituições previdenciárias.