PF Desarticula Rede de Tráfico Sexual Internacional com Operação no Brasil e na Irlanda

Batizada de Operação Cassandra, a ação prendeu aliciadoras de mulheres brasileiras para exploração sexual na Europa e em outros países, e bloqueou R$ 8,3 milhões em bens dos investigados.

NACIONAL

Eduardo Borges

9/4/20252 min read

a police officer standing in a room with a table and chairs
a police officer standing in a room with a table and chairs

Em uma grande operação internacional de combate ao crime organizado, a Polícia Federal (PF) desarticulou uma rede transnacional envolvida em tráfico de pessoas para exploração sexual. A Operação Cassandra, que contou com o apoio da Receita Federal e de autoridades da Irlanda e da Europol, cumpriu mandados no Brasil e no exterior, resultando em prisões e no bloqueio de bens que somam R$ 8,3 milhões. O esquema, que atuava desde 2017, aliciava mulheres brasileiras com falsas promessas de uma vida melhor na Europa para, em seguida, submetê-las a condições degradantes e de exploração.

A investigação, que teve início a partir de uma denúncia anônima, descobriu que a organização criminosa usava as redes sociais como principal ferramenta de aliciamento. As vítimas eram atraídas com promessas de segurança, ganhos financeiros e suporte logístico para se mudarem para a Europa. No entanto, os criminosos usavam documentos falsificados e propostas de emprego ou estudo para burlar o controle de migração, enganando as mulheres e as levando ilegalmente para o exterior. Ao todo, cerca de 70 mulheres foram identificadas como vítimas do esquema, que se estendia por 14 países, incluindo Irlanda, Reino Unido e Nova Zelândia.

a man in uniform and a police officer in uniform
a man in uniform and a police officer in uniform

A realidade das mulheres ao chegarem na Europa era um pesadelo. Elas eram submetidas a condições degradantes, ameaças e controle financeiro. A organização criminosa controlava os anúncios em sites de prostituição, cobrava dívidas abusivas e usava indivíduos armados para intimidar as vítimas que tentavam fugir. Há registros de ameaças de morte, cárcere privado e recolhimento de passaportes, o que impedia as mulheres de voltarem para o Brasil. Com esse esquema cruel, a organização criminosa faturava cerca de R$ 5 milhões por ano, em um esquema de exploração que durou quase oito anos.

A Operação Cassandra, que foi deflagrada em seis estados brasileiros e na Irlanda, resultou no cumprimento de cinco mandados de prisão preventiva no Brasil e três na Irlanda. As investigadas responderão por no mínimo oito crimes, incluindo organização criminosa, tráfico internacional de pessoas, exploração sexual e lavagem de dinheiro.

A Justiça também ordenou o bloqueio de R$ 8,3 milhões em bens das acusadas, um valor correspondente ao lucro estimado com a exploração das vítimas. O dinheiro era lavado por meio de empresas de fachada, imóveis e criptoativos. A apreensão dos bens é um golpe significativo contra o esquema, que agora é investigado com a cooperação de autoridades internacionais.