No Julgamento do Golpe, Gonet Afirma que Não Punição ‘Recrudesce o Autoritarismo’

O procurador-geral da República apresentou sua acusação contra o ex-presidente Jair Bolsonaro e mais sete réus, e defendeu que o crime de golpe de Estado não requer uma ordem assinada.

NACIONAL

Renata Moreira

9/2/20252 min read

two men in suits and ties standing next to each other
two men in suits and ties standing next to each other

No primeiro dia do julgamento da trama golpista no Supremo Tribunal Federal (STF), o procurador-geral da República, Paulo Gonet, apresentou a acusação do Ministério Público Federal e fez um forte discurso em defesa da democracia. Para Gonet, não punir a tentativa de golpe "recrudesce ímpetos de autoritarismo" na sociedade e "põe em risco o modelo de vida civilizada". A fala do procurador, que se baseou em elementos concretos de provas, é uma mensagem clara de que a Justiça não permitirá que o crime contra o Estado democrático de direito seja tratado com leveza.

Em suas alegações finais, Paulo Gonet defendeu que a pacificação do país não pode ser alcançada com a omissão ou a impunidade. O procurador argumentou que a falta de repressão a crimes como a tentativa de golpe apenas fortalece os ímpetos autoritários na sociedade. Para ele, a história mostra que "o caminho aparentemente mais fácil... que é da impunidade, deixa cicatrizes traumáticas na sociedade e corrói a democracia". O discurso de Gonet é uma defesa dos princípios democráticos e uma crítica a quem busca relativizar a gravidade dos atos golpistas.

a man in a suit and tie is sitting at a desk
a man in a suit and tie is sitting at a desk

Um dos pontos mais importantes da argumentação de Gonet foi a desmistificação da ideia de que um golpe de Estado precisa de uma ordem oficial assinada pelo presidente. O procurador afirmou que o processo criminoso já está em curso quando há a prática de atos e ações dedicadas ao propósito da ruptura das regras constitucionais.

Ele deu um exemplo claro: "Quando o presidente e o ministro da Defesa convocam a cúpula militar para apresentar documento de formalização de golpe de estado, o processo criminoso já está em curso". A argumentação de Gonet deixa claro que a PGR tem evidências de que os réus agiram de forma coordenada para subverter a democracia, mesmo que não haja um documento formal que comprove a ordem.

Paulo Gonet ressaltou que a denúncia da PGR não se baseou em "conjecturas e suposições", mas em elementos concretos. Segundo ele, os próprios integrantes da "organização criminosa" documentaram "quase todas as fases da empreitada", com "planos aprendidos, diálogos documentados e bens públicos deteriorados".

O procurador também lembrou os atos violentos que ocorreram em Brasília entre o final de 2022 e o início de 2023, como o ataque ao prédio da Polícia Federal, a bomba encontrada no aeroporto e os acampamentos golpistas. Para Gonet, o ataque de 8 de janeiro de 2023, embora possa não ter sido o objetivo principal do grupo, se tornou a "verdadeira opção disponível", e o "apogeu violento desses atos incentivados pela organização criminosa".