Nasa Anuncia ‘Sinal Mais Claro de Vida em Marte’ e Diz que Manchas em Rocha podem ser de Microrganismos

Rover Perseverance coletou uma amostra com “manchas de leopardo” que, segundo cientistas, podem ter sido feitas por processos biológicos há bilhões de anos no planeta.

INTERNACIONAL

Eduardo Borges

9/11/20252 min read

a rock face with a rock face on it
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A busca por vida em Marte acaba de ganhar um novo e empolgante capítulo. A Nasa anunciou nesta quarta-feira (10) que cientistas encontraram o que pode ser o "sinal mais claro" de vida em Marte até agora. Intrigantes "manchas de leopardo" em uma rocha coletada pelo rover Perseverance no ano passado podem ter sido feitas por microrganismos que viveram no planeta vermelho há mais de 3 bilhões de anos, quando havia água correndo em sua superfície. O anúncio, que foi publicado em um artigo na revista Nature, é um passo crucial para responder a uma das perguntas mais profundas da humanidade: estamos sozinhos no universo?

A rocha, batizada de "Cheyava Falls" em homenagem a uma cachoeira do Grand Canyon, foi coletada pelo rover Perseverance em julho de 2024, em uma região que, no passado, foi moldada pela água. A amostra, que está segura em um tubo no planeta vermelho, contém pequenas manchas pretas que foram apelidadas de "sementes de papoula", e manchas maiores que parecem de leopardo.

Katie Stack Morgan, cientista do projeto Perseverance, disse em uma coletiva de imprensa que as manchas podem ser uma "bioassinatura", ou seja, uma característica ou sinal que pode ser consistente com processos biológicos. Ela alertou, no entanto, que mais estudos são necessários para confirmar uma origem biológica.

a large crater with a small pond in the middle
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A análise da rocha Cheyava Falls revelou que a amostra contém compostos orgânicos, que na Terra são os blocos de construção da vida. O instrumento Sherloc do rover também detectou ferro e fosfato na composição das manchas de leopardo, que podem ter se formado quando reações químicas antigas sustentaram microrganismos.

As veias brancas de sulfato de cálcio presentes na rocha são uma evidência clara de que a água, essencial para a vida, um dia correu pela rocha. O anúncio da Nasa é o resultado de um longo processo de pesquisa que envolveu mais de mil cientistas e engenheiros, e que agora busca o apoio da comunidade científica para novos estudos.

O próximo passo da Nasa é trazer as amostras de Marte de volta à Terra para que possam ser estudadas em laboratórios. No entanto, a agência espacial enfrenta um grande desafio. A proposta da Casa Branca de cortar em até metade o orçamento de ciência da Nasa pode atrasar o retorno das amostras. A administradora associada da Diretoria de Missões Científicas, Nicky Fox, disse que a agência está avaliando como trazer as amostras de volta e está buscando "tecnologias disponíveis para acelerar o retorno".