“Não vamos cair na armadilha dos EUA”, diz Haddad na véspera do tarifaço
Ministro da Fazenda critica postura dos Estados Unidos e reforça compromisso do Brasil com equilíbrio fiscal às vésperas do anúncio de novas tarifas.
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Em um momento decisivo para a economia brasileira, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta segunda-feira (5) que o Brasil “não vai cair na armadilha dos EUA”, em referência ao movimento de aumento de tarifas que vem sendo adotado por países como os Estados Unidos em resposta a tensões comerciais globais — especialmente com a China.
A declaração foi feita durante um evento na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), um dia antes do esperado “tarifaço” que será anunciado pelo governo Lula, envolvendo a elevação de impostos sobre importações de até 60 setores da indústria.


O que é o “tarifaço”?
O termo “tarifaço” se refere ao pacote de aumento de alíquotas de importação que o governo deve divulgar ainda nesta semana, com foco em proteger a indústria nacional. A proposta prevê a elevação de tarifas para setores estratégicos, como aço, calçados, móveis e têxteis.
Segundo Haddad, a medida é uma resposta pontual a desequilíbrios comerciais e não representa uma guinada protecionista, como sugerem alguns críticos. O ministro destacou que o objetivo é garantir “condições isonômicas” para que a indústria brasileira possa competir com produtos estrangeiros, sobretudo os de países que praticam dumping ou têm subsídios ocultos.
Ao citar os Estados Unidos, Haddad alertou para os riscos de seguir o mesmo caminho de elevações tarifárias generalizadas, que podem acabar gerando um ambiente de guerra comercial e desequilíbrio fiscal. Ele afirmou:
“Nós não vamos cair nessa armadilha. Vamos manter a racionalidade, o diálogo com os setores produtivos e o compromisso com o equilíbrio fiscal.”
A fala vem no momento em que o governo americano também está elevando tarifas sobre produtos de países como China e Brasil, o que acende o alerta para possíveis retaliações e novos embates no comércio global.


A indústria brasileira recebeu bem a promessa de defesa da competitividade nacional, mas com cautela. Empresários e analistas querem entender quais setores exatamente serão afetados e se haverá contrapartidas estruturais além do aumento de tarifas.
Já o mercado financeiro observa o movimento com atenção, temendo impactos inflacionários ou distorções no comércio exterior. O governo, no entanto, tem buscado reforçar que as medidas serão pontuais e estrategicamente direcionadas.
Qual é a estratégia do governo Lula?
A equipe econômica, liderada por Haddad, tenta equilibrar dois pontos: proteger a indústria nacional em setores vulneráveis e, ao mesmo tempo, manter o compromisso com o controle fiscal e a previsibilidade para investidores.
Além do tarifaço, o governo estuda medidas de estímulo à produção nacional, incentivos para inovação e reforço na fiscalização de práticas desleais de comércio.