Ministro de Israel Chama Lula de ‘Antissemita Apoiador do Hamas’ e o Associa ao Irã

Em publicação agressiva em português, o ministro Israel Katz critica a saída do Brasil da IHRA e usa imagem de IA de Lula como marionete, agravando a já tensa relação entre os países.

NACIONAL

Eduardo Borges

8/26/20252 min read

Montagem fotográfica de Israel Katz e Lula em eventos políticos.
Montagem fotográfica de Israel Katz e Lula em eventos políticos.

A relação diplomática entre Brasil e Israel atingiu um novo e perigoso patamar de tensão. O ministro da Defesa de Israel, Israel Katz, publicou uma crítica agressiva ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva em suas redes sociais, chamando-o de "antissemita declarado e apoiador do [grupo terrorista] Hamas". A publicação, escrita em português, foi acompanhada de uma imagem gerada por inteligência artificial que mostra Lula como uma marionete, sendo controlada pelo líder supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei. A ação de Katz aprofunda a crise diplomática entre os dois países, que já estava estremecida desde o início da guerra na Faixa de Gaza.

A postagem de Israel Katz usou a saída do Brasil da IHRA (Aliança Internacional para a Memória do Holocausto), um organismo criado para combater o antissemitismo, como a principal justificativa para suas acusações. "Agora, ele [Lula] revelou sua verdadeira face como antissemita declarado e apoiador do Hamas", escreveu o ministro, que também afirmou que a decisão colocou o Brasil "ao lado de regimes como o Irã". A utilização de uma imagem falsa, gerada por inteligência artificial, para associar Lula a Khamenei foi classificada pelo Itamaraty como uma "grosseria inaceitável".

O ministro israelense Israel Katz discursando, gesticulando com a mão.
O ministro israelense Israel Katz discursando, gesticulando com a mão.

As acusações de Katz são o ápice de uma série de atritos que se iniciaram no ano de 2024. A crise se acirrou quando Lula comparou a resposta de Israel aos ataques do Hamas com as ações de Adolf Hitler. Em retaliação, Katz levou o embaixador brasileiro, Frederico Meyer, ao Museu do Holocausto, um ato que o Itamaraty considerou uma "humilhação pública". Após o incidente, o Brasil retirou seu embaixador de Tel Aviv, e o cargo permanece vago desde então.

O assessor de Assuntos Internacionais da Presidência, Celso Amorim, reforçou a indignação brasileira: "Eles humilharam nosso embaixador lá, uma humilhação pública. Depois daquilo, o que eles queriam?".

O governo brasileiro, por sua vez, afirma que sua posição é de crítica à política do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu e não contra o povo israelense. Lula e seu governo já condenaram o ataque terrorista do Hamas, mas também criticam a ofensiva israelense em Gaza, que já causou uma grave crise humanitária e, segundo a contagem do Hamas verificada pela ONU, deixou mais de 62 mil mortos. Celso Amorim reafirmou que o governo não aceita o que considera um "genocídio".

A crise diplomática se intensificou quando Israel anunciou que iria "rebaixar" as relações com o Brasil, após o Itamaraty ignorar a indicação de um novo embaixador em Brasília. O Brasil, por sua vez, diz que a ausência de resposta à indicação do embaixador foi uma reação direta à humilhação de seu diplomata em 2024.