Luto na Música e na Cultura: Dona Jacira, Mãe de Emicida e Fióti, Morre Aos 60 Anos em São Paulo

Escritora, artista e pilar de resistência, ela lutava contra o lúpus há anos e deixa um legado de amor, arte e fortalecimento da cultura afro-brasileira.

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7/28/20253 min read

Com profunda tristeza, o Brasil se despede de uma figura inspiradora e essencial para a cultura e as artes. Jacira Roque Oliveira, carinhosamente conhecida como Dona Jacira, mãe do renomado rapper Emicida e do produtor musical Evandro Fióti, faleceu nesta segunda-feira (28), em São Paulo, aos 60 anos. A causa da morte não foi informada pela família, mas Dona Jacira enfrentava complicações de saúde relacionadas ao lúpus e fazia hemodiálise há mais de 25 anos.

A notícia foi confirmada pela assessoria de imprensa de Fióti, e a família divulgou uma nota emocionante, destacando o legado deixado por Dona Jacira:

"É com profunda tristeza que informamos o falecimento de Jacira Roque Oliveira, a Dona Jacira, aos 60 anos de idade. Mãe, avó, escritora, compositora, poeta, artesã e formada em desenvolvimento humano, como gostava de ser reconhecida. Dona Jacira foi uma mulher detentora de tecnologias ancestrais de sobrevivência e resistência que construíram um legado enorme para as artes e para a cultura afrobrasileira. Esse legado será levado adiante por sua família e todas as pessoas que tiveram suas vidas impactadas e transformadas por sua presença de cuidado, amor, luz e fé neste plano. A família agradece por todo amor e carinho e pede que respeitem a sua privacidade nesse momento tão difícil."

Quem Foi Dona Jacira?

Dona Jacira foi muito além de ser apenas a mãe de dois grandes nomes da música. Ex-enfermeira, artista plástica e escritora, ela se destacou por sua resiliência e ativismo, mesmo lidando com a doença crônica.

Nascida e criada nas periferias da Zona Norte de São Paulo (Jardim Ataliba Leonel e Jardim Cachoeira), Dona Jacira teve uma infância difícil, casando-se aos 13 anos. Mãe de quatro filhos – Emicida, Fióti, Katia e Katiane –, ela os criou sozinha após a separação do marido. Sua história é um testemunho de superação, enfrentando violência doméstica e alcoolismo do ex-companheiro.

Em 2019, ela lançou sua autobiografia, "Café", pela editora periférica LiteraRUA. A obra se tornou um marco na literatura periférica, compartilhando relatos íntimos de dor, superação e sua jornada para retomar os estudos na fase adulta, formando-se em técnica em enfermagem e engajando-se em movimentos sociais. Ela também foi colunista do portal UOL entre 2021 e 2023.

Reconhecida por seu compromisso com a educação e o fortalecimento das raízes negras e populares, Dona Jacira foi a inspiração para a emocionante música "Mãe" de Emicida, onde ele expressa seu amor e a importância dela em sua vida: "Nossas mãos ainda encaixam certo / Peço um anjo que me acompanhe / Em tudo eu via a voz de minha mãe / Em tudo eu via nós". Ela também aparece no clipe dessa canção.

Apesar do recente rompimento entre os irmãos Emicida e Fióti, Dona Jacira sempre foi uma figura de união, chegando a se manifestar em defesa de Fióti, mas com o filho afirmando que ela "não tinha como escolher um lado" e confiava nos dois.

O falecimento de Dona Jacira deixa uma grande saudade, mas seu legado de força, inspiração e sua contribuição para a cultura brasileira serão eternamente lembrados.