Justiça de SP Manda Soltar Donos da Camisaria Colombo, Presos por Fraude Milionária

Os irmãos Paulo e Álvaro Jabur Maluf, suspeitos de desviar R$ 21 milhões, foram liberados sem medidas cautelares após a Polícia Civil não pedir a prorrogação da prisão temporária.

NACIONAL

Felipe Alencar

8/25/20252 min read

Paulo e Álvaro Jabur Maluf em close sorrindo
Paulo e Álvaro Jabur Maluf em close sorrindo

Uma reviravolta surpreendente marcou o caso da Camisaria Colombo. A Justiça de São Paulo determinou a soltura dos irmãos Paulo Jabur Maluf e Álvaro Jabur Maluf Júnior, donos da tradicional rede de moda masculina, que haviam sido presos na última quinta-feira (21) por suspeita de uma fraude milionária. A decisão, que ocorreu sem a imposição de medidas cautelares, foi motivada pela falta de um pedido de prorrogação ou conversão da prisão temporária por parte da Polícia Civil. O caso, que investiga um esquema de fraude contra o sistema bancário e credores, continua em andamento, mas os principais alvos estão agora em liberdade.

A soltura dos irmãos Maluf foi determinada pelo juiz de primeira instância após o delegado-geral da Polícia Civil de São Paulo, Artur Dian, não solicitar a prorrogação da prisão temporária, que tinha o objetivo de auxiliar nas investigações. Sem esse pedido, a Justiça não tinha outra opção a não ser colocar os irmãos em liberdade.

A defesa de Álvaro Jabur Maluf emitiu uma nota afirmando que ele cooperou de forma "ampla e irrestrita" com as autoridades e que continua "a adotar todas as medidas jurídicas necessárias para comprovar, de forma definitiva, sua completa inocência". A defesa de Paulo Jabur Maluf também negou as acusações e disse que as operações financeiras já foram explicadas em depoimento.

Fachada da loja Colombo em um shopping
Fachada da loja Colombo em um shopping

A investigação, que recebeu o nome de Operação Fractal, começou após uma denúncia formal da instituição financeira PagSeguro. A empresa apontou um furto milionário por meio de uma fraude tecnológica, que explorou uma vulnerabilidade no sistema. Segundo o delegado Paulo Barbosa, o esquema tinha como finalidade "dissimular bens e valores em processo da recuperação judicial da Camisaria Colombo", causando prejuízo a credores do sistema financeiro nacional.

A fraude foi descrita pelo delegado como um "verdadeiro milagre da multiplicação dos peixes". O grupo, formado por pelo menos sete pessoas, usou uma conta de pagamento para gerar créditos falsos e transferir cerca de R$ 21 milhões para uma empresa terceirizada, a BS Capital. Em apenas 20 dias, eles teriam conseguido realizar mais de 2.500 transações fraudulentas.

A Camisaria Colombo, fundada em 1917, se tornou uma das maiores varejistas de moda masculina do país. No entanto, a empresa passava por um processo de recuperação judicial, o que levanta a suspeita de que a fraude era uma tentativa de esconder o patrimônio dos credores. A investigação aponta que os crimes cometidos são de furto mediante fraude e fraude contra credores, com o envolvimento de uma empresa terceirizada e um funcionário que, segundo a polícia, está no exterior.

Apesar da soltura, a investigação continua. A Polícia Civil cumpriu mais 12 mandados de busca e apreensão na capital paulista, no interior do estado e em Brasília, em endereços ligados a outras pessoas beneficiadas pelos valores desviados. A Justiça busca por mais informações que possam levar a um desfecho do caso e à responsabilização dos culpados.