Israel Convoca Milhares de Reservistas para Nova Ofensiva em Gaza em Meio a Conflito com Líderes Militares
Enquanto Netanyahu pressiona por aceleração da ofensiva, o chefe das Forças Armadas pede cautela, alegando risco para reféns e agravamento da situação humanitária. Ataques aéreos matam ao menos 100 pessoas no enclave.
INTERNACIONAL


Em um novo e grave episódio da guerra em Gaza, Israel convocou dezenas de milhares de reservistas para uma nova ofensiva na cidade. A mobilização em massa, no entanto, expôs um conflito de poder entre a liderança política e a militar. Enquanto o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu e seus ministros pressionam para acelerar a ofensiva, o chefe das Forças Armadas, Eyal Zamir, expressou preocupação com a segurança dos reféns e a situação humanitária no enclave. O embate interno ocorre enquanto os ataques aéreos de Israel matam ao menos 100 pessoas, com dezenas de feridos em Gaza.
A ofensiva, aprovada pelo gabinete de segurança de Israel no mês passado, tem como objetivo assumir o controle total da Cidade de Gaza. A Rádio do Exército Israelense informou que 40.000 reservistas se apresentaram para o serviço, em um sinal da magnitude da operação. No entanto, o chefe das Forças Armadas, Eyal Zamir, que já entrou em choque com o gabinete antes, pediu cautela. Segundo fontes da reunião, ele alegou que a investida militar na Cidade de Gaza colocaria os reféns em perigo e sobrecarregaria o exército, que já está exausto após quase dois anos de guerra.
Zamir, no entanto, em uma declaração pública para os reservistas, disse que o exército está preparado para uma "vitória decisiva" e que não irá parar a guerra até que isso seja alcançado. Ele também afirmou que as forças israelenses já estão "entrando em lugares que nunca entramos antes".


A nova ofensiva já tem um custo humano devastador. As autoridades de saúde palestinas informaram que, nesta terça-feira, ao menos 100 pessoas morreram em Gaza, vítimas de ataques aéreos e bombardeios de Israel. Dessas, 35 morreram na Cidade de Gaza. Um jornalista local foi morto no ataque, e uma parente das vítimas disse que elas foram mortas enquanto tentavam buscar comida e roupas para suas famílias.
A situação humanitária em Gaza continua desesperadora. O Ministério da Saúde do enclave informou que 13 pessoas, incluindo três crianças, morreram de desnutrição e fome nas últimas 24 horas. O número oficial de mortes por essas causas já chega a 361, com a maioria das vítimas sendo crianças. Israel contesta os números e afirma que muitas das mortes são por outras causas médicas.
A segurança dos reféns, que são uma das maiores preocupações do governo e da população israelense, está no centro do debate sobre a nova ofensiva. O chefe das Forças Armadas, Eyal Zamir, expressou preocupação de que um novo ataque possa colocar em risco os 48 reféns que ainda estão em Gaza. As autoridades israelenses acreditam que 20 deles ainda estão vivos, mas o destino dos outros 28 é incerto. As negociações para um cessar-fogo terminaram em impasse em julho.
A nova ofensiva em Gaza, que é marcada por um conflito de liderança entre o governo e as Forças Armadas, é um sinal de que a guerra está longe de ter um fim.


