Haddad Acusa Ingerência dos EUA na Política Brasileira por Interesse em Terras Raras e Minerais

O Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirma que a disputa por recursos estratégicos do futuro, como os minerais críticos, explica a pressão externa e defende a urgência de um marco regulatório para o setor.

NACIONAL

Felipe Alencar

8/24/20252 min read

Fernando Haddad em close
Fernando Haddad em close

Em uma declaração contundente, o Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que a suposta ingerência dos Estados Unidos na política brasileira tem uma motivação estratégica: o interesse nas terras raras e minerais críticos do Brasil. Em entrevista a um canal de TV, Haddad classificou a disputa global por esses recursos, que são essenciais para a economia do futuro, como o pano de fundo para as pressões externas sobre o país. A fala de Haddad adiciona uma nova camada de análise sobre a relação entre o Brasil e potências estrangeiras, apontando a riqueza natural do país como um fator de risco geopolítico.

Segundo Haddad, a busca por esses minerais leva os Estados Unidos a desejar um "governo entreguista" no Brasil. O ministro citou um exemplo que, segundo ele, comprova sua teoria: o caso de Elon Musk e a Bolívia. "Você lembra quando teve uma tentativa de golpe na Bolívia, em que o Elon Musk disse, se precisar, nós temos que dar o golpe pra pegar o lítio da Bolívia", relembrou. O lítio é um mineral essencial para a produção de baterias de veículos elétricos. Haddad argumentou que essa mentalidade de intervenção é uma realidade e não apenas uma especulação.

Governo Trump
Governo Trump

Apesar do risco, Haddad ressaltou a posição privilegiada do Brasil em relação a outros países. O ministro destacou que o Brasil tem reservas significativas de minerais críticos, enquanto os Estados Unidos possuem uma quantidade muito menor.

  • Brasil vs. EUA: "Os Estados Unidos, para você ter uma ideia, não têm 10% dos minerais críticos que o Brasil tem. Em relação à China, não têm 5%."

  • Brasil vs. China: Embora a China possua as maiores reservas, com 44 milhões de toneladas, Haddad acredita que o país asiático vai preferir manter suas reservas para uso interno, deixando o Brasil e o Vietnã como os principais competidores globais no futuro.

Diante do cenário, Haddad defendeu a urgência de criar um marco regulatório para o setor de terras raras. Ele afirmou que o governo Lula tem a intenção de preparar essa legislação para organizar a exploração e o uso desses recursos. O ministro também ligou a questão dos minerais à transformação digital. Ele explicou que a tecnologia moderna, incluindo a inteligência artificial (IA) e os chips, depende diretamente desses minerais.

O ministro também ressaltou a questão da soberania digital, apontando que o Brasil processa 60% de seus dados fora do país. Para ele, isso é uma grande ameaça, já que um governo autoritário poderia usar a informação para prejudicar o Brasil. Haddad informou que o Ministério da Fazenda tem um grupo de trabalho atuando nessa frente. A defesa de um marco regulatório para os minerais e para a soberania digital sugere que o governo busca se posicionar na vanguarda da transição energética e digital, protegendo o país de futuras ingerências.