França em Caos: Protestos Contra Reformas de Macron Deixam 132 Detidos e Fecham Estradas e Escolas
Movimento, que lembra os ‘coletes amarelos’, é liderado por jovens e sindicatos. Manifestantes queimaram ônibus e bloquearam transportes em resposta aos cortes de 44 bilhões de euros do governo.
INTERNACIONAL


A França viveu, nesta quarta-feira (10), um dia de caos e protestos generalizados contra as reformas econômicas do presidente Emmanuel Macron. Manifestantes, liderados por jovens e sindicatos, tomaram as ruas de diversas cidades, fechando estradas, bloqueando escolas e incendiando ônibus em Lyon. A polícia de Paris, por sua vez, agiu de forma rápida, resultando na detenção de 132 pessoas na região metropolitana da capital. Os atos de violência e as manifestações são o mais recente capítulo de uma crise política que, segundo analistas, pode se agravar com os cortes de 44 bilhões de euros no orçamento do país.
A onda de protestos é uma resposta direta à política de austeridade do governo Macron. A população, que já se sente pressionada pela reforma da previdência, agora se revolta contra os cortes de 44 bilhões de euros no orçamento. Segundo uma estudante de mestrado em Toulouse, que preferiu não se identificar, "nada está funcionando". Ela explica que as "classes populares são as mais afetadas" pelos cortes, e que a população tem que abrir mão de seu bem-estar para equilibrar as contas públicas. A fala da estudante reflete a indignação de uma geração que se sente abandonada pelo governo.

A polícia de Paris, com um efetivo de 6 mil agentes, agiu de forma preventiva para neutralizar os protestos. A SNCF, empresa ferroviária francesa, informou que dois atos de sabotagem foram registrados durante a noite, causando interrupções adicionais. Em Caen, manifestantes atearam fogo a objetos em um viaduto, enquanto em Bordeaux, a polícia rapidamente desfez um bloqueio em um dos depósitos de bondes. Os transportes públicos de Paris foram moderadamente afetados, e a administração de aeroportos continua monitorando a situação.
Os protestos, no entanto, não atingiram os alvos estratégicos como o esperado. Cédric Brun, secretário-geral de um sindicato na montadora PSA Valenciennes, lamentou que havia "mais revolucionários no Facebook do que nas ruas". A frase mostra a dificuldade de se mobilizar um grande número de pessoas.
O movimento de protestos, que é horizontal e sem liderança definida, lembra o dos "coletes amarelos" de sete anos atrás. No entanto, o grupo atual é mais politizado e é formado em grande parte por jovens da Geração Z. A mobilização estudantil foi registrada em diversas cidades, como Paris, Rennes, Grenoble, Montpellier, Lyon, Mulhouse e Nice. O movimento conta com o apoio de sindicatos e de setores da agricultura, como a Confederação Camponesa, que se opõem às medidas de austeridade do governo.


