Escândalo na Argentina: Irmã e Braço Direito de Milei é Acusada de Corrupção em Esquema de Propinas
Gravações investigadas pela Justiça apontam que Karina Milei, secretária-geral da Presidência, e aliados desviavam até 8% de contratos de medicamentos, abalando o discurso anticorrupção do presidente.
NACIONAL


A Argentina se encontra no epicentro de um escândalo de corrupção que abalou a credibilidade do governo Javier Milei. A secretária-geral da Presidência e irmã do mandatário, Karina Milei, é alvo de acusações de corrupção em um suposto esquema de cobrança de propinas na compra de medicamentos para a rede pública. A denúncia, que partiu de gravações de áudio de um ex-aliado de Milei, abala o discurso anticorrupção que o levou ao poder e pode ter sérias consequências para o futuro político da Argentina.
As acusações surgiram a partir de áudios de Diego Spagnuolo, ex-chefe da Agência Nacional para a Deficiência (Andis). Spagnuolo, que era um aliado próximo do presidente, alega ter provas da participação de Karina Milei e de Eduardo “Lule” Menem, outro aliado de peso.
O suposto esquema funcionaria com a cobrança de propinas de indústrias farmacêuticas, que pagariam até 8% de seus contratos para ter acesso a acordos com o governo. O negócio renderia até US$ 800 mil (cerca de R$ 4,3 milhões) mensais. Segundo Spagnuolo, a maior fatia do dinheiro, entre 3% e 4% do valor total arrecadado, seria de Karina Milei, que, por sua vez, teria Eduardo “Lule” Menem como o principal operador do esquema.


O vazamento dos áudios levou a uma crise imediata no governo Milei. A Justiça argentina abriu uma investigação federal e realizou 16 buscas em empresas ligadas ao esquema. Na operação, foram apreendidos celulares, máquinas de contar dinheiro e uma alta quantia em espécie: US$ 266 mil (cerca de R$ 1,5 milhão). A autenticidade dos áudios ainda não foi comprovada, mas a Justiça já tornou cinco pessoas réus no processo, incluindo o autor dos áudios, Diego Spagnuolo.
Apesar da gravidade das acusações, Javier Milei não se pronunciou diretamente sobre o caso. Em uma aparição pública ao lado da irmã, o presidente sorriu e demonstrou apoio, enquanto seu chefe de gabinete, Guillermo Francos, sugeriu que se trata de "perseguição política" em meio a um período eleitoral.
A acusação contra Karina Milei é especialmente danosa por seu papel central no governo do irmão. Conhecida como "O Chefe" por Javier, ela é a grande arquiteta de sua campanha presidencial e a responsável por definir quem tem acesso ao presidente. A perda de sua credibilidade, caso as acusações sejam confirmadas, pode enfraquecer o governo em um momento delicado.
O escândalo ocorre a poucas semanas das eleições provinciais em Buenos Aires e a menos de dois meses do pleito legislativo nacional. O Congresso já estuda a possibilidade de abrir uma CPI para investigar as denúncias, o que aumentaria o desgaste político. Uma condenação de Karina não apenas faria com que Javier Milei perdesse seu braço direito, mas também arranharia de forma permanente o discurso anticorrupção que o levou ao poder.


