Eduardo Bolsonaro Pressiona Hugo Motta por ‘Mandato Remoto’ dos EUA e Cobra ‘Arque com as Consequências’

O deputado, que se diz exilado político, pede para trabalhar a distância, mas o presidente da Câmara resiste e afirma não haver previsão regimental para o mandato fora do país.

POLÍTICA BRASIL

Diego Castro

8/29/20252 min read

a man in a suit and tie is looking up at the sky
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Em mais um capítulo da sua saga nos Estados Unidos, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) entrou em confronto direto com o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB). Em um ofício enviado à Presidência da Casa, o parlamentar solicitou autorização para exercer seu mandato de forma "remota", alegando estar em "perseguições políticas". A demanda, no entanto, foi recebida com resistência por Hugo Motta, que em várias ocasiões afirmou não haver previsão regimental para o exercício do mandato à distância. A disputa agora coloca em xeque as regras da Câmara e o poder da sua presidência.

Em sua solicitação, Eduardo Bolsonaro argumenta que a sua permanência nos Estados Unidos se deve a um cenário de perseguição política. Ele utiliza como precedente o período da pandemia de Covid-19, quando o trabalho remoto foi adotado pela Câmara para garantir a continuidade dos trabalhos. O deputado afirma que a tecnologia para que ele exerça seu mandato de forma remota "já existe" e que ele consegue "perfeitamente exercer o meu mandato [à distância], consigo fazer participações nas comissões".

A demanda de Eduardo é uma tentativa de legitimar sua ausência no Brasil, que se tornou um ponto de atrito político.

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A estratégia de Eduardo Bolsonaro para conseguir a autorização de trabalhar remotamente é a pressão pública. Em entrevista, ele fez um desafio direto a Hugo Motta: "Aí o presidente da Câmara é que vai dizer. Agora, se ele não reconhece essa situação de perseguição, se ele prefere cerrar fileiras com esse regime, aí ele tem que arcar com as consequências disso tudo", disse o deputado, em um tom que busca encurralar o presidente da Câmara. A fala de Eduardo mostra que a questão não é apenas regimental, mas política, e que ele está disposto a ir até as últimas consequências para manter seu mandato e sua permanência nos EUA.

Hugo Motta, por sua vez, tem mantido uma postura firme. Em entrevista exclusiva à CNN, ele afirmou que Eduardo Bolsonaro sabia dos riscos de perder o mandato quando se mudou para os Estados Unidos. O presidente da Câmara ressaltou que a única vez em que o mandato remoto foi permitido foi durante a pandemia, por se tratar de um caso de saúde pública. "Agora não temos esse caso de saúde pública que justificou aquilo naquela época", disse Motta.

Ele também deixou claro que a decisão sobre a cassação do mandato de Eduardo caberia a outros deputados, que poderiam entrar com representações no Conselho de Ética da Casa. A resistência de Motta ao pedido de Eduardo Bolsonaro mostra que a Câmara não está disposta a ceder a pressões políticas e que as regras regimentais serão seguidas.