Datafolha: 35% Culpam Lula por "Tarifaço" de Trump; Bolsonaro e Eduardo Vêm em Seguida

Uma nova pesquisa do Instituto Datafolha trouxe à tona a percepção do brasileiro sobre a responsabilidade do "tarifaço" imposto pelo governo de Donald Trump ao Brasil. O levantamento, divulgado neste sábado (16), mostra que a opinião pública está dividida, mas a maior parcela dos entrevistados (35%) aponta o atual governo de Lula como o principal culpado pela medida econômica. Na sequência, aparecem o ex-presidente Jair Bolsonaro e seu filho, o deputado federal Eduardo Bolsonaro, com 22% e 17% das respostas, respectivamente. A pesquisa destaca a complexidade do cenário político e a dificuldade da população em atribuir a responsabilidade por um conflito que envolve tanto questões diplomáticas quanto políticas internas.

O Datafolha ouviu 2.002 pessoas em 113 municípios entre os dias 11 e 12 de agosto. A margem de erro é de 2 pontos percentuais, para mais ou para menos, e o nível de confiança é de 95%. Os resultados, detalhados abaixo, oferecem um panorama claro das diferentes percepções da população:

• Lula: 35%

• Jair Bolsonaro: 22%

• Eduardo Bolsonaro: 17%

• Alexandre de Moraes: 15%

• Nenhum: 3%

• Todos: 1%

• Não Sabe: 7%

A pesquisa revela que a narrativa de que o governo de Lula é responsável pelo tarifaço de Trump, possivelmente devido à postura em relação aos Estados Unidos, encontrou eco na opinião pública. Ao mesmo tempo, a culpabilização de Jair Bolsonaro e seu filho Eduardo Bolsonaro demonstra que a turbulência política dos últimos anos e as críticas de Trump ao processo judicial contra o ex-presidente e seus aliados também pesam na percepção popular. A inclusão do ministro Alexandre de Moraes na pesquisa, com 15%, reforça a dimensão judicial do conflito.

O "tarifaço" imposto pelos Estados Unidos, que taxa em até 50% as importações de produtos brasileiros, foi justificado por Trump com base em dois pontos principais: um desequilíbrio comercial com o Brasil e o que ele chamou de “caça às bruxas” contra o ex-presidente Jair Bolsonaro.

Essa última justificativa, que vincula diretamente a medida econômica a questões políticas internas do Brasil, mostra a dimensão do atrito entre os governos. A inclusão de Alexandre de Moraes na lista de autoridades sancionadas pelos EUA, com base na Lei Magnitsky, torna o cenário ainda mais complexo. A Lei Magnitsky permite que os EUA imponham sanções a indivíduos que cometeram violações de direitos humanos ou corrupção, e seu uso contra o ministro do STF eleva o conflito para uma arena diplomática de alto nível.

O resultado da pesquisa Datafolha é um reflexo das narrativas políticas que circulam no país. A população, bombardeada por diferentes informações, atribui a culpa do tarifaço a uma combinação de fatores: desde a postura do governo atual até as ações dos líderes da oposição e de figuras do Judiciário. A pesquisa mostra que, para o cidadão comum, a relação entre política interna e as relações internacionais é direta e significativa.

O levantamento reforça a importância de um debate transparente e informativo sobre os reais motivos e consequências de ações como o tarifaço, evitando a simplificação excessiva de um problema complexo. A percepção popular, mesmo que baseada em informações parciais, molda o cenário político e econômico, e neste momento, ela aponta para uma divisão clara sobre de quem é a culpa pela tensão com os Estados Unidos.