Apoio da Geração Z Leva Primeira Mulher a Ser Premiê Interina do Nepal Após Protestos Históricos

A ex-presidente do Supremo Tribunal, Sushila Karki, conquistou a confiança dos jovens manifestantes por sua reputação de jurista incorruptível e por sua histórica luta contra a corrupção e o nepotismo.

INTERNACIONAL

Nina Campos

9/15/20252 min read

a man in a suit and a woman in a red dress
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Após uma semana de protestos massivos e violentos, que forçaram a renúncia do primeiro-ministro, o Nepal nomeou sua primeira mulher para ocupar o cargo de primeira-ministra interina. Sushila Karki, de 73 anos, ex-presidente do Supremo Tribunal do país, foi alçada ao poder com o apoio improvável de manifestantes da "Geração Z", que usaram o aplicativo de mensagens Discord para sinalizar sua preferência. A escolha de Karki, uma figura que fez parte da elite, mas que é vista como uma jurista destemida e incorruptível, é um sinal de que os jovens do Nepal buscam uma mudança real na política.

O movimento de protesto no Nepal começou de forma online, com jovens da Geração Z se revoltando contra os "Nepo Kids" - filhos de políticos que ostentam um estilo de vida luxuoso em meio à pobreza e ao desemprego. A mobilização se espalhou pelas ruas, e os manifestantes chegaram a incendiar o Parlamento e a Suprema Corte, em uma onda de violência que levou à renúncia do premiê.

Em meio ao caos, a Geração Z usou o Discord, um aplicativo de mensagens, para organizar uma votação informal. A vencedora, Sushila Karki, conquistou a confiança dos jovens por sua reputação como uma jurista incorruptível e por sua histórica luta contra a corrupção e o nepotismo. Biraj Aryal, um aspirante a contador público certificado de 28 anos, que apoiou Karki na votação informal, disse que ela "é a única figura em quem todo o país pode confiar".

Sushila Karki construiu uma carreira jurídica que culminou em sua nomeação histórica como a primeira mulher presidente do Supremo Tribunal do Nepal, em 2016. Foi durante seu mandato que ela se tornou conhecida por sua abordagem de "tolerância zero à corrupção". Um ano após sua nomeação, Karki enfrentou um pedido de impeachment da coalizão governista após anular a escolha do governo para chefe de polícia, uma decisão que foi vista como uma defesa da meritocracia contra o nepotismo político. A moção foi retirada após uma significativa reação pública e judicial, um episódio que solidificou sua imagem como guardiã da integridade institucional.

A nomeação de Sushila Karki como primeira-ministra interina é um sinal de que a Geração Z do Nepal está pronta para entrar na política e mudar o futuro do país. Os protestos, que deixaram 51 mortos e 1.700 feridos, foram uma manifestação da insatisfação de uma geração com a corrupção, o desemprego e a falta de oportunidades. A renúncia do primeiro-ministro abriu espaço para a possibilidade de um novo governo, e os manifestantes buscam uma reformulação da constituição vigente, que, segundo eles, favorece a elite.