Alckmin Reage a Tarcísio e Diz que ‘Indulto é Golpismo de Marcha a Ré’

O vice-presidente do Brasil criticou a proposta de perdão para Bolsonaro, defendida pelo governador de São Paulo, e negou que as tarifas dos EUA tenham relação com o julgamento no STF.

POLÍTICA BRASIL

Nina Campos

9/6/20252 min read

a man in a suit and tie is speaking into a microphone
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Em uma declaração contundente que colocou o debate político em evidência, o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) criticou a ideia de conceder um indulto ao ex-presidente Jair Bolsonaro. Durante uma entrevista a jornalistas em São Paulo, Alckmin disse que “indulto é golpismo de marcha a ré, isso é inadmissível”, em uma clara e direta resposta à fala do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), que havia afirmado que, se eleito presidente em 2026, seu primeiro ato de governo seria perdoar Bolsonaro.

A fala de Geraldo Alckmin é um dos primeiros e mais fortes posicionamentos do governo federal contra a proposta de indulto. A crítica de Alckmin não é apenas sobre o indulto em si, mas sobre a ideia de que a medida seria uma espécie de "revisão" dos atos que levaram ao julgamento de Bolsonaro pela tentativa de golpe de Estado. Para o vice-presidente, a medida seria um "golpismo de marcha a ré", o que, segundo ele, é “inadmissível”.

A apuração do g1 revela que ministros do governo Lula acreditam na existência de um “acordo secreto” entre Bolsonaro e Tarcísio, onde o apoio do ex-presidente à candidatura do governador seria trocado por um indulto.

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Alckmin também se manifestou sobre as tarifas impostas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ao Brasil. Ele negou que as tarifas tenham qualquer relação com o julgamento de Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal (STF). Para o vice-presidente, o imposto de importação é uma “política regulatória” e “não tem nenhuma relação com questões do Poder Judiciário”.

A fala de Alckmin deslegitima a justificativa de Trump para as tarifas e reforça a posição de que o governo brasileiro não aceitará a ingerência de potências estrangeiras em seus assuntos internos.

Sem citar nomes, Alckmin também fez uma crítica velada ao deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que tem atuado nos Estados Unidos para pressionar por uma anistia para o pai. "A gente fica triste de ver pessoas lá fora trabalhando contra o emprego no Brasil, contra as empresas brasileiras, contra a nossa economia e, pior ainda, paga com o dinheiro público", disse Alckmin.

A fala do vice-presidente se junta a outras vozes do governo que têm criticado a postura do deputado. O ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho (Republicanos), que também estava presente no evento, disse que, se estivesse no Congresso, votaria contra a anistia, mas que é a favor de uma “modulação das penas” dos condenados de 8 de janeiro que foram “levados ao erro”.