A Era dos Drones: Como os Ataques com Veículos Autônomos Reconfiguraram a Guerra na Ucrânia
Rápido aumento em ofensivas mostra como o conflito entre os países evoluiu para depender desses veículos autônomos não tripulados e de tecnologia barata.
INTERNACIONAL


A guerra na Ucrânia não é apenas um conflito territorial, mas um campo de testes para o futuro da tecnologia militar. À medida que a Rússia avança no leste, uma nova ofensiva está sendo travada com uma arma que está mudando as regras do jogo: os drones. O aumento na produção e no uso desses veículos autônomos não tripulados, especialmente dos modelos Shahed, tem forçado a Ucrânia a se adaptar e buscar inovações. Este novo capítulo da guerra mostra como a tecnologia barata e acessível pode ter um impacto devastador, sobrecarregando defesas aéreas caras e criando um ambiente de terror constante para a população civil.
A estratégia da Rússia é, em essência, econômica. Em vez de usar mísseis caros (que podem custar mais de US$ 3 milhões cada), o país utiliza centenas de drones baratos para sobrecarregar as defesas ucranianas. A Rússia, que obteve projetos iranianos dos drones de ataque Shahed, construiu sua própria fábrica e agora produz mais de 6.000 drones por mês, com um custo de produção que caiu de US$ 200 mil para cerca de US$ 70 mil por unidade.
A frequência desses ataques também aumentou, passando de uma vez por mês para uma média de a cada oito dias. Para a Rússia, o objetivo não é apenas atingir alvos militares, mas também desgastar psicologicamente a população. O terror constante de ataques noturnos de drones se tornou uma tática de guerra que visa dizimar a moral da população e sobrecarregar as defesas da Ucrânia.


Diante da nova tática russa, a Ucrânia tem sido forçada a inovar. O país usa munições mais caras e métodos de defesa de alta tecnologia, como o sistema Patriot, para abater os drones. No entanto, o ciclo de inovação e adaptação é tão rápido, segundo analistas, que uma contramedida se torna ineficaz em questão de semanas.
A Ucrânia também contra-ataca com seus próprios drones FPV (sigla em inglês para "visão em primeira pessoa") e tem lançado ataques de longo alcance contra a infraestrutura russa. A guerra se tornou um embate tecnológico, onde cada lado busca uma vantagem que pode ser crucial para a vitória.
O futuro da guerra com drones é ainda mais assustador. Analistas preveem que o próximo passo será o desenvolvimento de drones com Inteligência Artificial (IA), que podem tomar decisões de forma autônoma no campo de batalha. Tanto a Rússia quanto a Ucrânia já estão trabalhando no desenvolvimento desses veículos.
Outra inovação que pode mudar a guerra são os "drones interceptadores", que podem ser usados como uma forma mais barata de defesa contra os ataques aéreos. O desenvolvimento desses drones liberaria as capacidades de defesa aérea e ajudaria a preservar os mísseis mais caros para ataques maiores.


